quinta-feira, 24 de março de 2011

O pão nosso de cada dia – de São Roque a Paris!

Não vou entrar em detalhes da historia do pão desde os primórdios tempos, quando o homem era nômade, caçador e pastor mas sim de minha historia ao lado desse nosso amigo massudo...quando eu era criança pequena la em São Roque.


 Minha família sempre sentou-se a mesa para fazer as refeições e no café da manha não era diferente. Meu pai saia cedo para trabalhar, então sentávamos a mesa minhas irmãs, minha mãe e eu. Tomávamos sempre lei com café acompanhado de um pãozinho ora frances ora de forma, com margarina, ou requeijão, ou ioiô crem (o avo da Nutella), ou Amendocrem.

Nete mesmo horario, meu avo passava em casa para me levar para a escolinha; eu tinha uns 5 anos. Saiamos a pé e caminhávamos pela marginal ate o parquinho do Jardim onde “estudava”. Vale a pena uma rápida explicação sobre o que chamamos de marginal para aqueles que não conhecem São Roque. Na verdade é um riozinho, praticamente um córrego, com duas pistas de cada lado...nada a ver com a marginal Pinheiros ou Tiete em São Paulo! 

Foi numa dessas idas a escolinha que sofri meu primeiro grande impacto relacionado ao pão. Um dia, atrasada, sai correndo para ir a escola com meu avo e neste dia fui comendo meu pãozinho pelo caminho. Na verdade não estava com fome e ao passar ao lado do riozinho da Marginal, joguei o pão na água. A medida que o pão caia eu já me arrependia.....como eu podia ter feito aquilo!! Aquele pãozinho que minha mãe tinha me preparado com tanto carinho eu tinha desprezado. Acreditem ou não, durante os anos que estudei neste parque, sempre que passávamos ao lado do fatídico lugar do pão, me dava um nó na garganta e as vezes eu chegava até a chorar. (fala serio! Era sensibilidade a flor da pele!)


Anos se passaram e a sensação de culpa também passou.  Já no primário, a cantina era o local mais esperado do dia. No inicio, as merendeiras passavam nas classes perguntando quem iria querer lanche. Eu odiava quando ela me olhava e falava: “e a Ozéééiiia vai querê?” (só para ficar claro, OZÉAS é o meu sobrenome!). Bom, a campainha do intervalo mal tocava e la estavam centenas de crianças enlouquecidas correndo em direção a cantina. Era pão pizza, enroladinho de salsicha e outras delicias. Nem sempre eu levava dinheiro, alias, na maioria das vezes levava lanche de casa nas famosas lancheiras. Me lembro como se fosse ontem, as garrafas térmicas mesmo depois de lavadas guardavam o cheiro do suco! E la estava, ao lado da bebida, o pãozinho nosso de cada dia com alguma coisa dentro.

E assim passaram-se anos....Ja na faculdade, os cachorros quentes dos tiozinhos da Paulista eram demais!! Ponto certo de parada: alem de bom era barato! E depois das baladas então...lembro-me que era imperdível o cachorro quente na Av. Estados Unidos. Todo mundo la...acabado, detonado e detonando o estomago!

Apos mais alguns aninhos (calma la....eu nao tenho 60 anos! Metade...ou melhor um pouco mais, ta bom...mais próxima dos 40 que dos 30, ok!)). Ha mais ou menos cinco anos atrás, depois de um acidentezinho de lancha, rompi o ligamento do joelho esquerdo tentando esquiar (glamour zero!). Na minha recuperação muita fisioterapia e caminhadas. Um belo dia, estava eu no bairro dos Jardins caminhando (apesar de la estar mais para uma escalada que caminhada) quando vi um Studio de Pilates. Na verdade, antes mesmo de virar modismo, eu era louca para praticar; lembro que na década de 90 tinha um único lugar perto da Av. Angélica que cobrava uma fortuna por uma horinha de Pilates, logo não deu para fazer, mas agora estava mais popular e conseqüentemente mais acessível. Não hesitei e me matriculei.

Passei três anos maravilhosos la; conseguia ir religiosamente duas vezes por semana e de quebra, pos os exercícios, eu aproveitava para fazer uma seção de drenagem linfática. Áureos tempos!!! Antes do trabalho, eu ia bem cedinho para o Pilates e drenagem e depois tinha a paradinha básica na padoca! Conhecia todos da padaria, o chapeiro, os garçons, o dono, o padeiro, as caixas; era demais! O pão com manteiga na chapa era sucesso absoluto! Ritual certo duas vezes na semana. Ah, esqueci que nos outros dias, já depois do nascimento do meu primeiro filho, eu o deixava no berçário e fazia minha pausa em uma outra padaria. La também todos me conheciam; era so eu entrar e tinha alguém perguntando: “o de sempre?” e é lógico que era o eterno e maravilhoso pão na chapa, com raras adaptações para um minas quente (queijo de minas derretido no pão frances sem miolo!)...Meus Deus...estou babando so de lembrar...e hoje ainda nem almocei, haja tortura! Apesar de toda essa comilança graças a Deus não me tornei a "dona roliça"! 

Bom,  o tempo passou mais um pouco e grandes mudanças vieram...voila Paris! Paraíso dos paes!! Alias, o pão por aqui é rei! Nunca falta a mesa em qualquer horário do dia e não importa acompanhando o que (ate massa!); é o nosso arroz com feijão. E os tipos então...a variação é enorme! Com o tempo aprendi que na maioria dos casos a massa é a mesma, o que muda é o formato e dai tanto nome diferente. Eu particularmente, como adoro a casca, compro sempre uma baguete porque tem menos miolo.  



E para não quebrar o legado, meu três pitocos são apaixonados por paes. O mais velho pede sempre por ele antes e depois das refeições e as pequenas, mesmo sem falar, ficam super excitadas quando avistam um!

Bom...se continuar assim, eles também poderão contar muitas historias sobre o nosso amiguinho farinhento!

“Queeemmm quer pão, quem quer pão, quem quer pão, que ta quentinho, ta quentinho, ta quentinho, pão gostosinho, gostosinho, gostosinho, quero mais um, mais hummm!!!”

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